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Quaresma

Fr Miguel Guzzo Coutinho O. Carm


Que Alegria podermos celebrar, com solenidade, este tempo de Graça e Salvação. Assim chamamos o tempo litúrgico da quaresma e da


Páscoa. È o período mais longo da Igreja onde na quaresma há a preparação para a celebração da Páscoa, a ressurreição de Jesus , na Páscoa


celebramos a nossa Salvação em Cristo Jesus. 


A quaresma é composta por 6 semanas nas quais se reflete a respeito do mistério do pecado na vida e do mundo e alcança o seu termo no


domingo de Ramos, a paixão e morte de Jesus na Cruz, a resposta de Deus para o mistério do pecado no mundo, pois o pecado leva a morte


tanto o justo quanto o ímpio. Para refletir a respeito do pecado neste tempo da quaresma neste ano dedicado a Mateus (ano A), nos é proposto


os seguintes textos:



1ª Domingo : O Mistério do pecado (Mt 4,1-11)



Nesta passagem do evangelho Jesus caminha no deserto por 40 dias e o diabo (Satanás), oportunamente, tenta a Jesus por 3 vezes:


1ª tentação: “O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães.  Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3).

2ª Tentação: O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:  Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (Sl 90,11s).  Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).

 3ª Tentação: O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares. Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13).

O antigo Adão cedeu a tentação, mas o novo Adão resiste a tentação, como por um homem estrou o pecado no mundo, por um homem nos veio a Salvação. Como Santo Agostinho vai dizer: “Feliz culpa que nos trouxe tão grande Salvação.” Pois o mal de forma nenhuma supera o bem que Deus quer realizar em nós, o pecado é grande em nós, mas o amor de Deus é maior a Tal ponto que São Paulo vai nos dizer em sua carta: “Onde o pecado abunda a Graça superabunda”.(Rom 5,20). O que o antigo adão nos tirou, o novo adão nos deu em abundância: A Vida em Deus.

2ª Domingo: A transfiguração no Monte Tabor (Mt 17, 1-9)

“ E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Jesus.”

No monte Tabor Jesus é transfigurado e com ele aparecem Moisés e Elias, estas personagens que aparecem junto de Jesus representam a Lei e a Profecia. Este acontecimento, testemunhado por Pedro, João e Tiago, são para que eles tenham uma antecipação do que será a ressurreição e para alcançar, tamanha graça, ele tem o Torah que contém toda a Lei e Profecia para ilumina-los na caminhada que leva a Deus, a uma vida de felicidade sem fim. Para nós católicos eles são a Biblia, a Palavra de Deus e Jesus que é o Caminho a Verdade e a Vida.

3ª Domingo: A água viva (Jo 4, 5-42)

Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva.” 

4ª Domingo: Testemunhas da Luz (Jo 9, 1-41)

“Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que veem se tornem cegos.”

No evangelho da 3ª semana começamos a fazer uma inserção na preparação do Batismo dos catecúmenos. Neste evangelho o cego é curado, aquele que vivia nas trevas veio à luz. Assim é aquele que vive sem Deus na vida, vive as apalpadelas porque vive na escuridão, mas aquele que é batizado se torna filho da Luz e por isso para ele a escuridão da vida é clara como o dia, pois agora estão unidos àquele que é a Luz sem ocaso (Jesus), mas àqueles que não tem Jesus em sua vida, vivem na escuridão, vivem presos à escuridão de sua própria ignorância.

5ª Domingo: Cristo nos ressuscita da morte (Jo 11, 1-45)

“Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.”

Jesus é o Senhor da Vida, ele é mais forte que a morte. Seu amigo Lazaro, mesmo morto a quatro dias é ressuscitado. Jesus que ensinou nas sinagogas, nas praças públicas, no Templo e curou tantos cegos e aleijados, expulsou demônios agora se mostra o Senhor da vida, pois Deus não é um Deus dos mortos, mas dos vivos. Jesus no inicio do evangelho vai dizer: “  Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.” Lazaro morre por causa de uma enfermidade, mas volta a vida pela atuação da graça de Deus. Este acontecimento vai sentenciar Jesus a morte, mas sabemos nós que a morte de cruz é a glorificação da vida de Jesus, pois como ele diz: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim.” (Jo 12,32).


Domingo de Ramos: Como ler a Paixão de Cristo (Mt 26,14-27,66)

O Evangelho deste domingo é longo e nos coloca diante de um paradoxo, Jesus que é recebido em Jerusalém com Ramos de Oliveira sendo acolhido com glória, dias depois é traído e crucificado. Porque fizeram isto com o Senhor da Glória.

Jesus que tinha fama de ser um profeta, um homem que curava os enfermos, expulsava os demônios, ensinava com autoridade e ressuscitava mortos é recebido com honra e glória pelo povo de Jerusalém, gritavam Hosana ao filho de Davi, recebiam o profeta que eles tinham como o messias esperado com honra e glória. Acreditavam que ele era o enviado de Deus que iria libertar a Israel. Mas as autoridades Judaicas não estavam satisfeitas, para eles Jesus estava acabando com a fé de Israel, Judas Iscariotes não estava  satisfeito com a postura de Jesus e decide entrega-lo aos sacerdotes, o que parecia claro, tornou-se confuso, a luz que surgiu em Jerusalém estava sendo preparada para ser apagada e destruída. Jesus foi traído, levado a julgamento e a determinação dos fariseus, saduceu e chefes da lei era a de crucificar Jesus, calar e apaga-lo da memória do povo judeu. Por isso o entregaram ao poder Romano na pessoa do governador da Judéia, Poncio Pilatos, por ele Jesus foi julgado, colocou Jesus para ser escolhido com um bandido de nome Barrabás, o qual preferiram soltar, pois Barrabás respondia fielmente as expectativas daquele povo rebelde e deixaram o Senhor da Glória para morrer crucificado. A busca da manutenção do poder a todo custo, de se fazer justiça pelas próprias mãos, fez com que colocassem na cruz um inocente que carregou todos os nossos pecados. Jesus foi a vitima expiatória que, apesar de não ter pecado, se fez pecado para nos salvar, único sacrifício capaz de pagar por todos os nossos pecados.

Jesus vai dizer na Cruz : “Pai, perdoai-os pois ele não sabem o que fazem.” Com estas palavras Jesus mostra que todo o mal é causado pela ignorância causada pelo pecado.

 

“Eis o Lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo”


Mas três dias depois Deus responde àqueles que colocaram o seu Filho na cruz 

Ressuscitando-o